Legenda descritiva: Paratleta paranaense Raphael dos Santos em sua canoa, remando em águas calmas, usando colete salva-vidas laranja e preto e óculos de sol, com a inscrição 'BRA' na proa do barco. (Foto: Divulgação)
A jornada de dedicação do paratleta paranaense e o desafio de garantir sua participação no Campeonato Mundial de Canoagem Maratona.
Brasil, 21 de junho de 2025 — Raphael dos Santos, paratleta de 38 anos, acaba de conquistar seu terceiro título no Campeonato Brasileiro de Canoagem Maratona, em Brasília, garantindo vaga para o Mundial em setembro, na Hungria, mas agora enfrenta o desafio de conseguir patrocínio para cobrir os custos da viagem e do equipamento.
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A vitória na categoria KL3 e o segundo lugar na Master A no campeonato nacional de junho de 2024 consolidam a trajetória de resiliência e dedicação de Raphael, cuja história na paracanoagem começou anos após um incidente que mudou sua vida. Agora, o foco se volta para a busca de apoio financeiro, essencial para que o atleta possa levar o nome do Brasil ao cenário internacional.
Jornada de Resiliência e Dedicação
A história de Raphael dos Santos é um testemunho de força e determinação. Em 2007, aos 21 anos, ele foi vítima de disparos de arma de fogo, sendo confundido com um segurança. Os médicos chegaram a dar poucas chances de sobrevivência e prognosticaram que ele ficaria em uma cadeira de rodas. Raphael sobreviveu, mas ficou com apenas metade dos movimentos da perna esquerda. Em 2013, seis anos após o incidente, a canoagem surgiu como um novo propósito em sua vida. Ele se filiou ao Clube de Regatas Curitiba, à Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) e à Federação Paranaense de Canoagem (Fepacan).
A rotina de Raphael é intensa e disciplinada: casado e pai de uma filha, ele acorda às 5h da manhã para trabalhar, treina em academia e pratica canoagem no Parque Náutico do Iguaçu, além de fazer boxe duas vezes por semana para aprimorar seu preparo físico. Desde 2020, Raphael é estudante de Educação Física na Universidade Positivo, com uma bolsa de 90%, e sonha em trabalhar com inclusão social, auxiliando pessoas com deficiência em academias após sua formação.
Ao longo de mais de uma década no esporte, Raphael já conquistou 21 medalhas. Sua participação no Campeonato Mundial na Dinamarca em 2023, por exemplo, foi viabilizada por meio de rifas e doações de amigos, devido à falta de patrocínio. Ele também foi vice-campeão brasileiro de canoagem maratona em 2021 e 2022. Em 2019, o atleta chegou a considerar desistir da canoagem por falta de incentivo, mas sua resiliência o manteve em frente.
Conquista Histórica no Campeonato Brasileiro
Entre os dias 6 e 8 de junho de 2024, em Brasília (DF), Raphael dos Santos alcançou um marco significativo em sua carreira, conquistando seu terceiro título no Campeonato Brasileiro de Canoagem Maratona. Representando o Paraná, ele se sagrou campeão na categoria KL3, específica para atletas com lesão medular ou amputação, e garantiu também o segundo lugar na categoria Master A, aberta a competidores sem restrições físicas.
A competição exigiu grande resistência física, com Raphael percorrendo 10 km na categoria KL3 e 17 km na Master A, ambas disputadas em ritmo intenso. “Imaginei que poderia ir longe na minha categoria, mas agora o tricampeonato brasileiro é um sonho que parecia impossível”, celebrou Raphael. Segundo o atleta, o título representa uma conquista dupla: esportiva e pessoal. Esse desempenho notável garantiu sua classificação para o Campeonato Mundial de Canoagem Maratona.
Rumo ao Mundial: Um Desafio Além das Águas
A classificação de Raphael para o Campeonato Mundial de Canoagem Maratona, que será realizado em setembro, na Hungria, é um feito notável. A categoria KL3, na qual Raphael compete, é específica para atletas com deficiência física. É crucial destacar que a canoagem maratona não é uma modalidade olímpica, o que significa que ela não se beneficia dos recursos da Lei Agnelo Piva, uma importante fonte de financiamento para o esporte no Brasil.
Apesar da vaga garantida, o principal obstáculo de Raphael é financeiro. Ele necessita de patrocínio para cobrir os custos essenciais da viagem, que incluem passagens aéreas, hospedagem e aluguel do barco para a competição. “É um desafio tão grande quanto a competição. Sem apoio, não consigo chegar até lá”, afirma Raphael, expressando a urgência da situação.
No passado, Raphael já enfrentou dificuldades financeiras para participar de competições internacionais, como o Mundial na Dinamarca em 2023, que foi custeado por meio de rifas e ajuda de amigos. Ele já teve o apoio da Tecnobank até o final de 2022 e conta com o suporte da academia UPX Sports para seus treinos. Empresas ou pessoas interessadas em apoiar Raphael podem entrar em contato pelo telefone (41) 99549-3292 ou pelo e-mail raphacanoagem@gmail.com.
A Luta por Equidade e Inclusão no Esporte Paralímpico
A situação de Raphael dos Santos reflete os desafios mais amplos de equidade e acessibilidade enfrentados por muitos atletas com deficiência no Brasil e globalmente. A falta de apoio financeiro e de patrocínio é uma barreira significativa que impede muitos atletas de alto rendimento de alcançar seu potencial máximo ou até mesmo de continuar suas carreiras, forçando-os a desistir de seus sonhos devido à ausência de investimento.
Atletas paralímpicos frequentemente enfrentam dificuldades no acesso a treinamentos e competições, seja por barreiras físicas, falta de recursos financeiros ou discriminação. Há uma notável desigualdade na visibilidade e no financiamento entre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o que impacta diretamente a preparação e o desempenho dos atletas com deficiência. Embora o Brasil seja reconhecido como uma potência paralímpica, ainda existem lacunas em termos de recursos contínuos e políticas públicas abrangentes que garantam a igualdade de oportunidades.
A Lei do Incentivo ao Esporte (Lei nº 11.438/06) e o programa Bolsa Atleta são iniciativas importantes que buscam fomentar o paradesporto, permitindo que pessoas físicas e jurídicas destinem parte do imposto de renda e oferecendo apoio financeiro aos atletas. A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), em seu artigo 42, também assegura o direito da pessoa com deficiência ao esporte em igualdade de oportunidades. No entanto, a história de Raphael, que precisa buscar patrocínio individualmente para uma modalidade não olímpica, ilustra que essas políticas ainda não são suficientes para cobrir todas as necessidades e garantir a plena acessibilidade para todos os atletas.
O Impacto do Apoio
O patrocínio para Raphael dos Santos não apenas o capacitaria a competir no Campeonato Mundial na Hungria, mas também geraria um impacto positivo muito mais amplo. Em primeiro lugar, permitiria que ele representasse o Brasil no cenário internacional, um feito que exige anos de dedicação e superação.
Além disso, a história de Raphael, de superar uma lesão grave e se tornar um atleta de alto rendimento, é uma poderosa fonte de inspiração. Sua participação e sucesso no Mundial poderiam inspirar outras pessoas com deficiência a buscar o esporte e a acreditar em seu próprio potencial, desafiando estereótipos e promovendo uma visão mais inclusiva da sociedade. Seu objetivo de trabalhar com inclusão social e auxiliar pessoas com deficiência em academias reforça esse impacto comunitário.
O apoio financeiro também elevaria a conscientização sobre os desafios enfrentados pelos atletas com deficiência e a importância do paradesporto no Brasil. Ao permitir que Raphael se dedique 100% ao esporte após a conclusão de sua graduação em Educação Física, o patrocínio não só impulsionaria sua carreira individual, mas também contribuiria para a visibilidade e o desenvolvimento da paracanoagem maratona no país.
Como Ajudar
Empresas ou pessoas interessadas em ajudar Raphael dos Santos a realizar seu sonho de representar o Brasil no Mundial de Canoagem Maratona podem entrar em contato diretamente com o atleta:
- Telefone: (41) 99549-3292
- E-mail: raphacanoagem@gmail.com
