Descrição da Imagem #PraCegoVer: Rogerinho está no centro da fotografia, com as duas laterais desfocadas. Ele está no campo de futebol, vestindo o uniforme branco do Corinthians, apoiado apenas em uma das muletas, no momento em que está aplicando uma meia bicicleta, ou voleio (como se diz na linguagem do esporte), com olhar fixo na bola que está no ar. Fim da descrição. | Foto: Diego Silva/ com edição
Da brincadeira ao protagonismo: A trajetória de Rogerinho no Futebol de Amputados
Confira a entrevista exclusiva com um dos maiores craques da modalidade no Brasil, por Murilo Pereira da coluna Sem Barreiras
O futebol é a maior paixão de muitos brasileiros. Esse amor transcende quaisquer tipos de barreira e, acima de tudo, supera preconceitos. Foi nesse sentido que surgiu a relação de Rogerio Rodrigues de Almeida, o “Rogerinho” ↗, com o tapete verde.
Nascido em Mogi das Cruzes (SP), ele começou a praticar o esporte aos sete anos de idade, entre crianças sem nenhuma deficiência. Rogério não tem a perna esquerda, devido a um quadro congênito.
Apesar de sua intimidade com a bola, sofreu sua primeira decepção quando se deu conta de que não poderia participar de campeonatos oficiais por não ter uma das pernas. Contudo, o futebol estabelece laços tão fortes com seus amantes que não o deixaram desistir de seus sonhos.
Rogerinho R9, o Astro do Futebol de Amputados – O início
O então menino seguiu sua caminhada treino a treino no Campestre Clube, em seu bairro, Parque Santana. Lá, quem comandava as ações era o professor Edvaldo. Inclusive, o treinador foi o responsável por dar o pontapé inicial na brilhante trajetória do hoje conhecido como “R9” em torneios.
Em entrevista para a coluna Sem Barreiras, no JornalistaInclusivo.com, o atleta destaca: “Para mim, foi o melhor dia. Poder jogar um campeonato oficial. Me lembro como se fosse hoje da reação do time adversário. Deitei naquele jogo, fazendo três gols”.
Com o passar dos anos, a relação foi estreitando. Em 2001, enfim, Rogerinho conheceu o Futebol de Amputados, através de Ronaldo, professor no Sesi de Brás Cubas, distrito de Mogi das Cruzes.
De início, aquela realidade parecia surreal para ele, que custou a acreditar. Porém, se jogou na modalidade e rapidamente estava disputando seu primeiro Campeonato Brasileiro. “Logo em alguns meses eu estava indo para o Rio de Janeiro jogar na equipe da ANDEF (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos) e lá vi centenas de amputados, jogadores. Fiquei louco”, completa o jogador.
Rogerinho R9, o Astro do Futebol de Amputados – Seleção BR
Como todo grande atleta, Rogério, desde o início, objetivava chegar na Seleção Brasileira um dia. Determinado, sempre manteve um nível elevadíssimo dentro de campo e alcançou mais esse sonho nove anos após seu ingresso no Futebol de Amputados. Logo em seu campeonato de estreia, em Crespo, na Argentina, sagrou-se campeão e artilheiro da Copa América.
Ainda pela seleção, o craque venceu mais duas edições de Copa América, uma Copa das Confederações, além de disputar três Copas do Mundo. Hoje, R9 carrega a marca de 546 gols na carreira e segue em atividade.
Ainda sobre os títulos, Rogério é atualmente hexacampeão da Copa do Brasil, hepta Paulista, penta Brasileiro, além de ter conquistado quatro vezes a Taça da Superação e a Taça da Cidade de Mogi das Cruzes e duas vezes o Open do Nordeste.
A proporção de “R9” não se restringe apenas às quatro linhas. O jogador conduz um projeto em sua cidade natal, onde leva o Futebol de Amputados para outros indivíduos com as mesmas dificuldades que ele encontrou no início de sua jornada. A iniciativa começou em 2009 e fez surgir a Smel Mogi Só Vida, que hoje também conta com a parceria do Sport Clube Corinthians Paulista.
Ressaltando a importância da atitude, Rogerinho coloca: “Decidi montar esse projeto para ajudar dezenas de pessoas com amputações”.
Murilo Pereira
Cursando a faculdade de Jornalismo, Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele administra, nas redes sociais, as páginas "Vem Comigo" e "Sem Barreiras", este último oriundo do seu blog que dá nome a coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões.
Olá Luiz, tudo bem? Muito obrigado pelo retorno. Fico realmente grato. Vou repassar ao autor responsável, que ficará muito feliz com seu comentário. Abraço,
Legal essa matéria sobre o Rogerinho… Me fez lembrar a mim mesmo, fiz parte da Seleção Brasileira de Amputados em 1990, disputando Copa do Mundo em Seattle, EUA. Bons tempos para mim aquela época… Que isso possa incentivar outros amputados… Perdi minha perna direita com 9 anos de idade, o sonho de meu pai é que fosse jogador de futebol, havia pensado que nunca poderia realizar o sonho de meu pai e, naquela época, me vi fazendo parte de uma Seleção Brasileira, acho que foi orgulho para meu pai…!!!! PARABÉNS AO JORNALISTAINCLUSIVO pela matéria e, claro, parabéns ao nosso atleta ROGERINHO…!!!!!