Descrição da Imagem: #PraCegoVer – Arte para o texto “Espaços Conquistados”, com dezenas de fotografias de esportes adaptados paralímpicos, como tênis de mesa e de quadra, futebol de cinco, remo e judô, entre outras modalidades. Créditos: Blog Sem Limites
Conheça mais sobre Paradesporto e sua importância na vida da pessoa com deficiência
Em "Espaços conquistados", o paratleta de bocha Murilo Pereira mostra uma visão geral sobre o Esporte Adaptado
Bem, são vários os caminhos que a pessoa com deficiência pode seguir ao longo de sua trajetória, mas a escolha entre dois deles faz-se primordial para a construção de suas convicções e, acima de tudo, para determinar sua consolidação enquanto indivíduo: Aceitar passivamente as barreiras que lhes são impostas e permanecendo sempre na zona de conforto ou remar contra a maré, seguindo os ideais que a tornarão completa?
É evidente que ao abordar o cotidiano de um indivíduo com alguma limitação, uma associação que quase sempre surge são os tratamentos. Fisioterapia, Hidroterapia, Terapia Ocupacional, Equoterapia, tudo isso é crucial para que não somente consiga-se manter o estado físico, mas principalmente alcançar certa evolução que, de algum modo, também é importante quando se fala em autoestima.
Contudo, ter outras ocupações, estabelecer identificação com outras atividades é fundamental para que a rotina não se torne monótona e dessa forma a pessoa não perca a motivação em seus objetivos. Assim sendo, o paradesporto ↗ é, certamente, uma ferramenta fantástica que vai muito além do sentido competitivo e de resultados.
O Esporte Adaptado
O esporte adaptado é um meio com extrema eficácia no sentido de inclusão social, uma vez que as modalidades, além de trazerem um novo ofício para o cidadão, também promovem o contato em massa com outras pessoas com deficiência, que em muitos casos têm o mesmo quadro clínico, porém com vivências distintas. Entretanto, tal universo com energia ímpar fica omitido do foco, impedindo que muitas pessoas que poderiam ser contempladas possam inserir-se.
Uma das características que torna essa realidade de disputas sem igual é a abrangência de todo tipo de deficiência. Desse modo, aqueles olhares de espanto que fazem-se corriqueiros nas demais atividades do dia a dia, já não existem nesse recorte da sociedade. Inclusive, a tranquilidade trazida pela prática esportiva, somada ao compartilhamento de experiências, possibilita a abertura de novos horizontes para uma plena autoaceitação.
Paradesporto: Um Pouco da História
O primeiro esporte adaptado foi o Tiro com Arco, lá em 1948, na cidade inglesa de Stoke Mandeville. A iniciativa foi de Ludwig Guttmann, que encontrou nessa maneira uma brecha para incluir os veteranos de guerra com lesão na medula espinhal na sociedade novamente.
Foram 12 anos lutando contra o preconceito para que o paradesporto fosse reconhecido, até que em 1960 foram organizados os primeiros Jogos Paralímpicos, em Roma. Desde então, observa-se uma caminhada progressiva no que diz respeito à igualdade. Os paratletas com outros tipos de deficiência foram inseridos a partir da competição de 1976, em Toronto.
Contudo, a caminhada no paradesporto ainda seria longa. Nessa altura, os competidores defendiam com as suas próprias unhas e dentes a afirmação de suas modalidades. Porém, não havia um órgão que pudesse atuar como um defensor da classe de um modo geral.
Com base na necessidade surgiu, em 1988, o Comitê Paralímpico Internacional. Dentre as principais mudanças promovidas pela entidade logo de início, pode-se destacar o fato de que a partir dos Jogos de Seul, na Coreia do Sul, as Paralimpíadas são sempre na mesma cidade onde são sediados os Jogos Olímpicos. Com o intuito de simbolizar o acordo, o prefixo “Para”, que significa a união com os Jogos Olímpicos, foi adicionado mas disputas envolvendo atletas com deficiência.
Hoje, alcançou-se um patamar no qual existem inúmeras federações e associações que administram as mais variadas modalidades. Geralmente, essas modalidades são agrupadas pelo tipo de limitação que elas envolvem.
Espaços Conquistados – O Centro Paralímpico Brasileiro
No Brasil, um exemplo é a ANDE (Associação Nacional de Desportos para Deficientes), que gere a Bocha Paralímpica e o Futebol de 7. Ambos os esportes são praticados, em sua maioria, por pessoas com paralisia cerebral. Todavia, o responsável por conduzir o movimento paralímpico é, de fato, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), fundado em 1995.
Recentemente, após os Jogos Paralímpicos Rio 2016, a Organização cresceu drasticamente em termos de visibilidade, acarretados também pelos resultados obtidos. Sem dúvidas, o principal legado do evento foi a construção do Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. O local é referência na América Latina quando o assunto é alto rendimento.
Cada pessoa precisa entender e buscar a diretriz que a distancie das amarras sociais. É impossível dizer que um ou outro caminho vai suprir as necessidades de alguém, mas vale muito a pena ter pelo menos um contato com o paradesporto, saber se há identificação com o esporte que engloba a condição dessa pessoa. Mais do que isso, sentir o coração bater mais forte ao praticar alguma modalidade e encontrar seu lugar de fato.
O Jornalista Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele é editor do "Prosa de Gol" (@prosadegol), nas redes sociais, e da página "Sem Barreiras" (@_sem_barreiras), esta última oriunda do seu blog, que também dá nome a sua coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões relacionadas a paralisia cerebral, acessibilidade e inclusão.
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