Uma reflexão sobre representatividade PCD nas Plataformas Digitais
Sob dois olhares, a construção do papel da pessoa com deficiência nas redes sociais por Murilo Pereira, mixando opiniões, na coluna Sem Barreiras
Histórias são contadas todos os dias. Muitas delas parecem comuns aos olhos de algumas pessoas, mas entender que existem adversidades e saber conviver com elas de maneira saudável nos proporciona uma vida mais leve, encontrando nosso verdadeiro lugar.
Em tempos virtuais, usuários buscam representatividade a todo tempo, em todos os cantos. O senso comum é uma grande venda, a qual nos força estabelecer como padrão aquilo que é benéfico, de algum modo, para a maioria. Porém, a existência de cidadãos que fogem dessa curva ascendente é o que traz à tona a pluralidade, ressaltando valores como a igualdade e a dignidade.
Variando um pouco as pautas da nossa coluna Sem Barreiras, o Jornalista Inclusivo apresenta, hoje, um artigo que mostrará partes do modo de ser de Ana Luiza Fernandes, idealizadora do projeto Nerd PCD, uma página sobre Cultura Pop e Pessoas com Deficiência, nas redes sociais. Analu, como é conhecida, tem 21 anos e é estudante de Artes Visuais, além de palestrante.
No início da entrevista, a jovem refletiu sobre as motivações que a levaram a criar tais canais de comunicação para os grupos envolvidos: “Foi a falta de discussão sobre a representatividade de Pessoas com Deficiência na Cultura Pop. Eu gosto de uma comparação com o coletivo Lady’s Comics, que foi o primeiro brasileiro que discutia o machismo e o sexismo nesse meio. Fui eu quem construí a primeira plataforma online que debate a representatividade PCD na Cultura Pop”.
Talvez, nossa principal função, enquanto criadores de conteúdo seja de fato, a abertura de lugares de fala acorrentados pela sociedade, principalmente no universo adaptado. Sobre essa questão, a estudante, que é Autista, colocou que é uma mulher com deficiência, privilegiada por diversas questões sociais. Entretanto, a voz dela concede espaços, através da história e da narrativa, para indivíduos que nunca se sentiram representados em uma mídia, por exemplo.
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Embora o trabalho carregue essa importância coletiva de afirmação social, ele também é uma atividade que é responsável por nos fazer reconhecer a importância individual, preenchendo aspectos e mostrando caminhos para uma condução mais simples das situações corriqueiras. Sobre essa questão, Ana Luiza afirmou: “Meu trabalho auxilia, principalmente, na autoestima. Quando alguém com deficiência vê meus posts na mídia, não se sente mais sozinho(a). No meu caso, principalmente pessoas LGBT+s, com deficiência”.
Em grandes projetos, os desafios são, certamente, o combustível protagonista para que eles sejam levados a diante. No caso de Analu, com tantas pautas fundamentais envolvidas, possivelmente seja ainda maior. “Na verdade, meu principal desafio é ser reconhecida, mas talvez nem isso. Eu quero treinar, aprender a me investir melhor. Estou indo atrás disso e espero que, dessa forma, ganhe visibilidade e aumente minha popularidade”, dividiu a social media.
Devemos, em nosso papel de cidadãos, procurar nossas referências. Não existe certo ou errado para espelhar-se. Essa é uma escolha levantada sobre o alicerce da personalidade individual. Ouvir e ser ouvido(a), ainda mais em relatos semelhantes é uma experiência única e poder modificar a vida de alguém, de alguma forma, é a recompensa mais valiosa que se pode alcançar.
O Jornalista Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele é editor do "Prosa de Gol" (@prosadegol), nas redes sociais, e da página "Sem Barreiras" (@_sem_barreiras), esta última oriunda do seu blog, que também dá nome a sua coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões relacionadas a paralisia cerebral, acessibilidade e inclusão.