Memória Olfativa no Alzheimer: Terapias aromáticas no manejo de sintomas

Mulher idosa com cabelos grisalhos e pele enrugada, cheirando um girassol com os olhos fechados.

Descrição da imagem: Mulher idosa com cabelos grisalhos e pele enrugada, cheirando um girassol com os olhos fechados. (Créditos: Gerada com IA)

Terapias aromáticas são cada vez mais utilizadas para estimular e recuperar memórias em estágios avançados da doença; especialista explica o porquê.

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    Boa leitura!

    O Potencial da Memória Olfativa no Alzheimer

    Desafio crescente para a saúde pública, o Alzheimer e outros tipos de demência afetam cerca de 1,8 milhão de pessoas no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) . Neste cenário, a memória olfativa – nossa capacidade de lembrar e associar cheiros a experiências passadas – emerge como uma ferramenta promissora no tratamento dessa e de outras doenças neurodegenerativas.

    Com estudos indicando que o risco de desenvolver Alzheimer dobra a cada cinco anos após os 65 anos de idade, cientistas e profissionais da medicina buscam constantemente novas abordagens terapêuticas. A estimulação olfativa tem ganhado destaque nesse contexto, oferecendo uma nova perspectiva no manejo dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida de pacientes.

    Bases Científicas da Terapia Olfativa

    Embora as doenças neurodegenerativas sejam condições bastante complexas, que afetam a memória e a cognição, o uso de aromas familiares e agradáveis tem demonstrado grande potencial na melhoria da qualidade de vida. E isso também vem sendo confirmado por repetidos estudos, conforme destaca o médico Dr. Alexandre Yakushijin Kumagai, referência em saúde de ouvido, nariz e garganta.

    “O estímulo à memória olfativa tem sido bastante utilizado como parte do tratamento de algumas doenças, em especial aquelas relacionadas ao sistema nervoso central, que é o caso do Alzheimer e outras similares. O objetivo principal é ajudar na identificação e recuperação de memórias em estágios avançados da doença, já que a memória olfativa costuma ser uma das últimas habilidades sensoriais a serem perdidas”, explica otorrinolaringologista do Hospital Paulista.

    Benefícios da Estimulação Olfativa

    Na prática, isto significa que a estimulação olfativa pode ajudar a ativar memórias antigas e promover o reconhecimento de pessoas, lugares e eventos marcantes da vida, proporcionando uma sensação de conexão com o passado, além de ajudar a manter um vínculo com o ambiente ao seu redor.

    “Por estar intimamente ligada ao sistema límbico e ao hipocampo, que são áreas do cérebro responsáveis pela emoção e pela memória, a memória olfativa tem o poder de evocar lembranças e emoções vívidas de experiências passadas de uma maneira que outros estímulos sensoriais não conseguem. Por isso ela tão importante”, destaca o especialista.

    Efeitos Terapêuticos dos Aromas

    Além de auxiliar na evocação de memórias, o Dr. Alexandre ressalta que os estímulos olfativos podem ainda obter um efeito calmante e redutor de estresse. “Aromas como lavanda, camomila e hortelã são conhecidos por suas propriedades relaxantes. Para pessoas com Alzheimer, que frequentemente enfrentam ansiedade e mudanças de comportamento, criar um ambiente com esses cheiros pode ajudar a reduzir o estresse e melhorar o bem-estar emocional.”

    Homem idoso praticando a memória olfativa no Alzheimer, com uma xícara branca e os olhos fechados, enquanto o vapor sobe da xícara que ele segura.
    Descrição da imagem: A imagem mostra um homem idoso com cabelos grisalhos e pele enrugada, segurando uma xícara branca próxima ao rosto. Ele está de olhos fechados, sugerindo que está saboreando o momento. O vapor pode ser visto subindo da xícara, indicando que a bebida está quente. Ao fundo, há uma janela que deixa entrar luz natural, mas o foco está no rosto do homem e na xícara. (Imagem: Gerada com IA)

    Personalização dos Tratamentos

    Contudo, o médico pondera que é sempre importante levar em conta as preferências individuais de cada paciente. Ou seja, o que funciona para uma pessoa pode não ter o mesmo efeito para outra. “Por isso, é sempre recomendável que os cuidadores e familiares consultem profissionais de saúde especializados para ajustar as abordagens às necessidades específicas de cada indivíduo”, reforça.

    Aplicações além do Alzheimer

    As terapias olfatórias também têm sido largamente utilizadas como complemento ao tratamento convencional de pós lesões cerebrais, de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e também da Covid-19.

    No caso das lesões cerebrais e AVCs, o objetivo, sobretudo, é reativar áreas do cérebro eventualmente afetadas, melhorando a função cognitiva. Já em relação à Covid, o foco é na reabilitação sensorial de quem teve o olfato/paladar prejudicados.

    Sobre a Instituição

    Fundado em 1974, o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia possui cinco décadas de tradição no atendimento especializado em ouvido, nariz e garganta e durante sua trajetória, ampliou sua competência para outros segmentos, com destaque para Fonoaudiologia, Alergia Respiratória e Imunologia, Distúrbios do Sono, procedimentos para Cirurgia Cérvico-Facial, bem como Buco Maxilo Facial.

    Referência em seu segmento e com alta resolutividade, conta com um completo Centro de Medicina Diagnóstica em Otorrinolaringologia. Dispõe de profissionais de alta capacidade oferecendo excelentes condições de suporte especializado 24 horas por dia.

    Estudos e Artigos Científicos

    A pesquisa sobre a memória olfativa em relação à Doença de Alzheimer (DA) e o manejo de seus sintomas, incluindo terapias aromáticas, revela uma interconexão significativa entre o olfato e a cognição. A seguir, estão os principais artigos acadêmicos que abordam esses temas.

    Memória Olfativa e Alzheimer

    O sentido esquecido: o Alzheimer e a reaproximação do olfato

    Este artigo discute como a estimulação olfativa pode aprimorar a memória e a compreensão emocional em pacientes com Alzheimer. A pesquisa sugere que o olfato, frequentemente negligenciado na clínica, pode ser uma ferramenta valiosa para melhorar a qualidade de vida e a sociabilidade dos pacientes. A autora, Luma Babolim Antonio, propõe que exercícios lúdicos e um ambiente enriquecido podem estimular a função neural, contribuindo para a memória e a percepção [1].

    Distúrbio olfativo e o risco de declínio cognitivo

    Este estudo analisa a relação entre a disfunção olfativa e o risco de demência em idosos. Os autores afirmam que a perda da função olfativa pode ser um indicador precoce de declínio cognitivo e que o treinamento olfativo pode oferecer uma abordagem promissora para a melhoria cognitiva. A pesquisa destaca a importância de métodos não invasivos para detectar alterações precoces na função cognitiva, sugerindo que a olfação pode ser uma ferramenta eficaz na triagem de demências [3].

    A Doença de Alzheimer e a perda de olfato

    Este artigo explora como a disfunção olfativa é um dos primeiros sinais da Doença de Alzheimer, frequentemente presente na fase pré-clínica. Os testes olfativos são descritos como baratos e não invasivos, com potencial para prever a progressão da doença. A pesquisa também discute as alterações neuroanatômicas associadas à perda olfativa e sua relação com a neurodegeneração [4].

    Manejo de Sintomas e Terapias Aromáticas

    OLFATO: percepção de odores e memórias

    Este artigo investiga como os neurônios olfativos ativam áreas do cérebro responsáveis pela identificação de odores e pela evocação de memórias. A pesquisa destaca a conexão entre olfato, emoções e comportamentos, sugerindo que terapias aromáticas podem ser utilizadas para melhorar o bem-estar emocional de pacientes com Alzheimer [2].

    Doença de Alzheimer: hipóteses etiológicas e perspectivas

    Embora este artigo não trate especificamente de terapias aromáticas, ele fornece uma visão abrangente sobre os sintomas da DA e suas implicações. A pesquisa menciona que o manejo dos sintomas, incluindo intervenções não farmacológicas, é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes [5].

    Esses artigos acadêmicos demonstram a relevância da memória olfativa no contexto da Doença de Alzheimer e apontam para o potencial das terapias aromáticas como uma abordagem complementar no manejo dos sintomas da doença. A pesquisa continua a evoluir, enfatizando a necessidade de mais estudos sobre a relação entre olfato e cognição.

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    Rafael F. Carpi

    Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso. Consultor em Estratégias Inclusivas e Gestor de Mídias Digitais. Formado em Comunicação Social (2006). Atuou como repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. Ativista dedicado aos direitos da pessoa com deficiência, redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

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