Um passeio pelos rios e piscinas da capital do Sol Nascente
Na nova edição da série sobre os Jogos Paralímpicos de 2020+1, Murilo Pereira convida os leitores a passearem pelos rios e piscinas, traçando o caminho para a glória nas águas
No terceiro artigo da série Especial Tóquio 2020+1, chega o momento de falarmos das modalidades aquáticas que trarão adrenalina aos Jogos: a Paracanoagem, o Remo Paralímpico e a Natação Paralímpica. Contando ou não com acessórios, fato é que as disputas são de tirar o fôlego, na mesma medida em que os competidores precisam ter uma boa capacidade física para se deslocarem nas águas e vencerem seus oponentes.
- Leia todas do Especial Tóquio 2020 | Jornalista Inclusivo
Para dar início, o assunto será o Esporte Adaptado das canoas ↗. O caso da Paracanoagem é peculiar se comparado à outras práticas paralímpicas. A maioria das regras são semelhantes as do esporte convencional. O grande segredo fica mesmo por conta da classificação funcional. Podem participar das competições as pessoas que tem limitações físico-motoras. Elas são divididas em dois grupos principais, da seguinte forma:
O primeiro, denominado “KL”, agrupam os Paratletas que fazem o uso do caiaque. Por isso, a implementação da letra “K”. Dentro dessa categoria, existem três subdivisões: KL1, para indivíduos que remam apenas com a força dos braços, KL2 envolvendo participantes que utilizam também o tronco e KL3 para integrantes capazes de contar com a funcionalidade dos braços, tronco e pernas. É uma organização crescente, quando se pensa em força e mobilidade.
Além do “KL”, há outro grupo prioritário que compete em embarcações um pouco diferentes, chamadas de Va’a. A classe “VL” usa um caiaque com uma espécie de flutuador em um dos lados, visando auxiliar no equilíbrio e dinâmica das provas. As disputas da Paracanoagem sempre acontecem em águas calmas e em duas distâncias: 200 e 500 metros, tanto no masculino quanto no feminino. No Brasil, os nomes que são referências sobre os caiaques são Caio Ribeiro de Carvalho e Débora Raiza Benevides.
Para acabar com qualquer dúvida que exista na cabeça de muitas pessoas, a próxima modalidade a ser destrinchada será o Remo Paralímpico, o qual é constantemente confundido com a Paracanoagem. O Remo abrange dois tipos de deficiência: a física e a visual. A fim de garantir a igualdade nos confrontos, os atletas são agrupados com base no nível de seu comprometimento e, dessa forma, chega-se a um modelo de embarcação ideal para cada competidor. Como destaque, vemos duas categorias:
A “AS”, que engloba pessoas com deficiências nos braços e ombros e que, por isso, utilizam barcos com o assento e encosto fixos. São os chamados Single Skiff. Já para quem tem deficiência nos braços e tronco, a diferença é que não se tem o apoio do encosto e o barco é denominado Double Skiff. A classe funcional é a “TA”. Com os remos nas mãos, algumas das principais figuras no cenário nacional são Cláudia Santos e Jairo Klug.
Fechando as emoções aquáticas, a Natação Paralímpica é, sem dúvidas, um dos Paradesportos mais conhecidos da população e um dos que mais trazem medalhas em Jogos Paralímpicos para o Brasil. Nas piscinas, observa-se indivíduos com deficiências físicas, intelectuais e visuais.
As dimensões do local de prova são exatamente iguais às utilizadas no esporte não adaptado, com a diferença de que Paratletas com limitações mais severas podem realizar a largada já de dentro da piscina. No caso dos nadadores com Deficiência Visual, agrega-se o bastão espumado na ponta para que o auxiliar consiga avisá-los quando estão se aproximando da borda.
Ao todo, a Natação Paralímpica divide-se em 14 classes, guardando a proporção de que quanto menor a funcionalidade do indivíduo, menor será a sua classe. No Brasil, alguns sinônimos de bom desempenho e conquistas são Daniel Dias, da categoria “S5”, que inclusive já foi tema de um dos artigos aqui da coluna Sem Barreiras e Carol Santiago, ocupando o grupo “S12”.
- Leia todas sobre o atleta Daniel Dias | Jornalista Inclusivo
Depois desse mergulho em três modalidades paralímpicas incríveis, você leitor, já pode se jogar nas águas juntamente com nossos Paratletas, os apoiando rumo a inúmeros pódios no Japão.
O Jornalista Murilo Pereira dos Santos é Paratleta pela categoria BC1 de Bocha Paralímpica Ituana. Ele é editor do "Prosa de Gol" (@prosadegol), nas redes sociais, e da página "Sem Barreiras" (@_sem_barreiras), esta última oriunda do seu blog, que também dá nome a sua coluna aqui no site Jornalista Inclusivo, sobre paradesporto e outras questões relacionadas a paralisia cerebral, acessibilidade e inclusão.