Descrição da imagem: Uma sala de cinema exibe uma cena do filme de animação “Divertida Mente”, com a protagonista Riley Andersen, durante o Festival de Cinema Acessível Kids. O público está sentado, assistindo ao filme. (Foto: Divulgação)
Projeto de cinema para crianças com deficiências e de baixa renda chegará à área urbana e à comunidade quilombola dos Teixeiras, em Mostardas, Rio Grande do Sul.
Boa leitura!
Festival de Cinema Acessível Kids
O Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional está adaptando sua programação de 2024 para atender localidades impactadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. O projeto de arte, educação e lazer, voltado para crianças com deficiências visuais, auditivas e intelectuais, além da população de baixa renda, recebeu a chancela da Unesco e foi selecionado para a 38ª edição do “Criança Esperança”.
A próxima etapa deste Festival ocorrerá nos dias 6 e 7 de agosto em Mostardas, município localizado a 200 km de Porto Alegre (RS), abrangendo a área urbana e a comunidade quilombola dos Teixeiras.
No dia 6 de agosto, das 9h às 16h30, será realizada uma oficina para profissionais da rede municipal ensino no Auditório Municipal Mathias Azambuja Velho. No dia 7 de agosto, o filme “Divertida Mente” será exibido em duas sessões:
- Às 9h, no Auditório Municipal de Mostardas, para 200 alunos de três escolas: Escola Municipal Fundamental Dinarte Silveira, Escola Municipal Fundamental Marcelo Gama e Escola Municipal Fundamental Ruy Miguel.
- Às 14h, no Salão Paroquial da Comunidade Nossa Senhora do Rosário, na Associação Comunitária Quilombola dos Teixeiras, para aproximadamente 150 alunos da Escola Municipal Fundamental Marcílio Dias e da Escola Municipal Fundamental Emílio Ferreira de Lemos.
Todas as sessões de cinema têm entrada gratuita.
Inclusão através do Cinema
Sidnei Schames, idealizador e diretor do Festival de Cinema Acessível Kids, explica que o evento atenderá crianças da zona urbana e de escolas rurais. “Para muitas crianças da comunidade dos Teixeiras, que abriga cerca de 90 famílias, esta será a primeira experiência com cinema”, afirma.
A etapa em Mostardas já estava programada antes das enchentes. Inicialmente, o projeto pretendia visitar pelo menos mais três capitais em 2024: Fortaleza (CE), Campo Grande (MS) e Brasília (DF). No entanto, devido à situação emergencial no Rio Grande do Sul, Schames informa que o projeto reduzirá as viagens para outros estados, concentrando os eventos no RS.
“Já tinhámos escrito e proposto para o Programa Criança Esperança um projeto inicial para 2025, após as cheias do Guaíba do ano passado. Pensávamos em visitar as cidades atingidas e chegar, por exemplo, à região metropolitana das ilhas. Mas agora as cheias vieram com ainda maior intensidade, atingindo mais cidades e pessoas; e queremos antecipar algumas das nossas ações”.
Ele acrescenta: “O estado está se reestruturando e nosso projeto também procura se adequar à nova realidade. Estamos fazendo um mapeamento detalhado sobre o que já está funcionando, para estudarmos e planejarmos o que é possível fazer. A ideia é ao invés de priorizar a circulação nacional, visitar logo que possível algumas das áreas e escolas impactadas pelas enchentes”. Mesmo assim, está confirmada a volta do projeto a Brasília, durante a Semana da Criança, em outubro, em evento com o apoio do Senado Federal.
Exibição de filmes e capacitação
Desde 2022, o Festival de Cinema Acessível Kids se baseia em duas principais ações:
- Capacitação de profissionais da educação pública em inclusão social, através de oficinas de seis horas para grupos de até 25 professores.
- Exibição de filmes acessíveis seguida de debate após a sessão.
No âmbito do Criança Esperança, o Festival integra a formação de profissionais para educação inclusiva. O objetivo é promover a inclusão educacional e social de crianças, adolescentes e jovens com e sem deficiência, além de outros grupos minorizados. Para valorizar a educação e combater a evasão escolar, o projeto busca fortalecer os vínculos entre estudantes e profissionais da educação através de atividades lúdicas que estimulem o convívio na diversidade.
Schames destaca: “O investimento na formação das crianças assegura uma sociedade melhor no futuro. O Festival permite que crianças e jovens cresçam em um ambiente que acolhe e respeita as particularidades de cada pessoa. Quando todos assistem a um filme de forma independente, seja com ou sem deficiência, isso estimula a reflexão sobre nossas capacidades e necessidades para exercer o direito à cidadania. O acesso à cultura é fundamental. É notável a diferença na formação do adulto quando há convivência e troca entre crianças com e sem deficiência desde a infância.”
Ele acrescenta que o projeto buscará alcançar não apenas espaços urbanos, mas também diversas comunidades indígenas e quilombolas.
Acessibilidade do Festival de Cinema
As obras exibidas no Festival contam com recursos de acessibilidade:
- Audiodescrição: permite ao público com deficiência visual acessar os filmes através da descrição dos elementos visuais. Estudos mostram que este recurso também beneficia espectadores com autismo, deficiência intelectual e déficit de atenção.
- Legendas descritivas e Língua Brasileira de Sinais (Libras): proporcionam acessibilidade ao público com deficiência auditiva.
Além da exibição de filmes acessíveis, o Festival promove uma recepção acolhedora, criando um ambiente de aprendizado mútuo. Schames relata: “Tivemos casos de pessoas que fizeram curso de Libras para se comunicar com pessoas surdas após participarem de edições anteriores. O Festival Kids vai além da exibição de filmes acessíveis; é uma oportunidade de troca e aprendizado.”
História do Projeto
O projeto nasceu há nove anos em Porto Alegre como Festival de Cinema Acessível, idealizado por Sidnei Schames, presidente da OSC Mais Criança e diretor da empresa Som da Luz. Na estreia em 2015, seu filho David, então com oito anos, não pôde entrar no cinema devido à restrição de idade. Essa experiência inspirou a criação do Festival de Cinema Acessível Kids, que estreou em 2017 com o slogan “Leve seu pai ao cinema”.
O projeto recebeu a chancela da UNESCO e expandiu-se em 2022 ao participar da 36ª edição do Criança Esperança, ganhando relevância nacional. Em 2023, participou da 37ª edição do programa.
Alcance e Impacto
Até o momento, considerando suas versões adulto e infantil, o Festival de Cinema Acessível:
- Atingiu um público de aproximadamente 22.653 pessoas
- Realizou 121 exibições
- Esteve presente em 39 cidades, incluindo:
- 32 no Rio Grande do Sul
- 2 em Santa Catarina
- São Paulo, Natal, Niterói, Florianópolis e Brasília
Diferenciais do Festival
O Festival de Cinema Acessível Kids se destaca por:
- Adaptar obras cinematográficas infanto-juvenis que atraem toda a família
- Oferecer conteúdo acessível de qualidade para um público geralmente privado da experiência cinematográfica
- Promover ações de inclusão cultural não assistencialistas para pessoas com deficiência
Schames explica: “Para disponibilizar os filmes com toda a acessibilidade necessária, realizamos gravações em estúdio, combinando tecnologia e sensibilidade.”
David, hoje com 17 anos, acrescenta: “Criamos o Festival para promover igualdade de direitos e oportunidades, não de características. É um momento de inclusão quando pessoas com e sem deficiência assistem juntas ao filme.”
Atividades de Sensibilização
O Festival também promove atividades de sensibilização:
- Sessões em escolas onde crianças assistem aos filmes de olhos vendados, simulando a experiência de pessoas com deficiência visual;
- Participação de familiares e pessoas sem deficiência como exercício de empatia e aprendizado.
Rede Virtual de Compartilhamento
Em 2023, o projeto expandiu-se com a criação de uma Rede Virtual para compartilhamento de boas práticas inclusivas. Foi desenvolvido um Portal que abriga o site da OSC Mais Criança ↗ e de outras instituições que trabalham com Diversidade, Inclusão Social e Cultural, Acessibilidade e temas relacionados ao combate às desigualdades e discriminação. O portal inclui uma sala de troca de boas práticas sociais entre os participantes dos eventos, permitindo o compartilhamento de experiências e conhecimentos.
Alinhamento com a LBI e ODS
O Festival de Cinema Acessível Kids alinha-se com:
- Lei Brasileira de Inclusão (LBI): Desde dezembro de 2015, a Lei nº 13.146 ↗ visa assegurar e promover o exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, em condições de igualdade.
- Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU:
- ODS 4: Educação inclusiva, equitativa e de qualidade;
- ODS 8: Crescimento econômico inclusivo e sustentável;
- ODS 10: Redução das desigualdades;
Schames ressalta: “As leis existem, mas na prática nem sempre são cumpridas. Projetos como o nosso, que promovem acessibilidade e inclusão, continuam sendo fundamentais.”
Acervo de Filmes
O acervo da Som da Luz para a edição Kids inclui:
- Avatar 1
- Harry Potter e a Pedra Filosofal
- Aladdin (Live Action)
- Malévola
- Meu Malvado Favorito
- Universidade Monstro
- Frozen: Uma Aventura Congelante
- Divertida Mente
Parcerias da Edição 2024
A edição 2024 do Festival de Cinema Acessível Kids é produzida pela Som da Luz e conta com:
- Patrocínio: Bem Promotora.
- Apoiadores: Abraccio, Outback, Total Seguros, Gontof Comunicação, Dextera, Expressão Natura, Camale, iQueest, Sopa Digital, Senado Federal e Mundo Melhor.
- Apoio local em Mostardas: Associação Comunitária Quilombola dos Teixeiras.
Sobre a OSC Mais Criança
A OSC Mais Criança:
- Atua na defesa e promoção dos direitos humanos para a inclusão social;
- Desenvolve e adota tecnologias e abordagens inovadoras com foco em acessibilidade universal;
- Tem como referência os ODS, especialmente aqueles voltados para desenvolvimento socioambiental, educação, cultura e saúde;
- Busca promover uma sociedade democrática, equitativa e com acesso e participação para todas as pessoas.