Orquestra Brasileira de Cantores Cegos leva novas tradições populares a Vitória

Integrantes da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos em cena teatral, expressando emoção com fitas coloridas nas mãos.

Legenda descritiva: Integrantes da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos em cena teatral, expressando emoção com fitas coloridas nas mãos. (Créditos: Julio Gabriel & Cia Poéticas da Cena Contemporânea)

Com novo repertório, a Orquestra Brasileira de Cantores Cegos volta a apresentar a tradição oral de Norte a Sul do País, no Teatro da Ufes.

Mais uma viagem musical por comunidades tradicionais de todas as regiões do País está chegando ao palco capixaba do Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória. Após o sucesso da primeira apresentação em novembro de 2023, a Orquestra Brasileira de Cantores Cegos realiza a turnê de 2024 com apresentações entre os dias 2 e 4 de outubro.

O grupo formado por 16 cantores com deficiência visual – acompanhados pelo som de um piano de cauda – traz um novo repertório formado por 20 canções (em 18 arranjos) da tradição oral de diversos cantos do Brasil, que são de domínio público e inéditas para o público em geral. A entrada é gratuita e a organização do evento distribuirá os ingressos uma hora antes das sessões, que começam às 14h30 (nos dias 3 e 4) e às 19h30 (nos dias 2, 3 e 4).

A diretora cênica e artística do espetáculo, Rejane Arruda, destaca que esta será a primeira vez que este repertório será apresentado a uma audiência.

“As canções pertencem às comunidades, são de domínio público. Elas representam a riqueza da oralidade popular brasileira que se perpetua de geração em geração, se prolifera, se desloca e dá suporte a uma série de atividades de trabalho, de lazer, de festejos, de ninar e de momentos marcantes das comunidades”, afirma Rejane.

A Orquestra Brasileira de Cantores Cegos é fruto de uma iniciativa da Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) e da Cia Poéticas da Cena Contemporânea. As atividades são realizadas com o patrocínio master da Rede Itaú e patrocínio da PERFIL – Alumínio do Brasil, por meio da Lei Rouanet, a Lei Federal de Incentivo à Cultura, operacionalizada pelo Ministério da Cultura (MinC).

A Diversidade da Oralidade Popular Brasileira na Voz de Cantores Cegos

O espetáculo terá, ao todo, 20 canções com arranjos de vozes acompanhadas do som de um piano de cauda. A diversidade cultural brasileira está marcada no repertório construído a partir da pesquisa de campo realizada por Renata Mattar, que percorre o país inteiro registrando cantigas ancestrais.

Apesar do acervo da pesquisadora ter começado a ser construído em 1999, o trabalho realizado para a Orquestra também dependeu de viagens específicas para buscar novas cantigas, quando pode registrar memórias de cantos indígenas, cantos de pescadores e outros que ainda não faziam parte do acervo.

Em cena, a oralidade popular de Norte a Sul do país, passando por Alagoas, com as fiadeiras de algodão quilombolas de Arapiraca; pelo Congo do Espírito Santo; pela Bata do Feijão e a Roda Pisada da região da Bacia do Jacuípe (BA); pela Embolada de Sergipe; pelo Fandango Caiçara típico do sul de São Paulo e do norte do Paraná.

Também estão presentes um Coco de Alagoas, um Canto de Mutirão do Rio Grande do Sul, um Mutirão de Roça do Maranhão, uma Congada de Minas Gerais e uma Incelença de Pernambuco. O povo Kalunga de Cavalcanti (GO) está representado com uma Dança de Pares, os Guaranis da aldeia Marak’anã (residentes no Rio de Janeiro) com uma canção em Tupi e o povo originário Mehinako do Alto Xingu (MT).

Integrantes da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos em cena, segurando bengalas brancas, com uma placa preta que exibe o nome "Rogério" ao fundo.
Descrição da imagem: Quatro integrantes da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos estão em destaque, utilizando bengalas brancas e vestindo roupas em tons claros. A cena parece iluminada por luz suave, com uma atmosfera de neblina. Ao fundo, uma placa com o nome "Rogério" está visível. (Créditos: Julio Gabriel & Cia Poéticas da Cena Contemporânea)

Experimentação Cênica na Interface entre o Canto Coral e a Linguagem Teatral Contemporânea

A diretora cênica e artística Rejane Arruda imprime as marcas de uma linguagem experimental, trabalhando a interface entre as Artes Cênicas e o Canto Coral. Ela conta com a colaboração de André Stefson na iluminação e de António Apolinário na direção de arte.

Os arranjos de Tarita de Souza para voz, piano e percussão corporal trazem a marca do hibridismo entre popular e erudito típico da tradição instrumental brasileira. O maestro Thomas Davison, aceitando o desafio de reger pessoas que não enxergam as suas mãos, utiliza-se de estalos de dedos, palmas, batidas dos pés no chão e movimentos que lembram um bailarino brincante, contribuindo para a estética do movimento que o espetáculo apresenta.

Os cantores são divididos em 5 naipes: as sopranos Maria Trancoso, Marta Trancoso e Elizabeth Mutz; as mezzo-sopranos Alice Dordenoni, Eusilane Lopes e Lucinéia Santos;  as contraltos Geovana Santos, Joseni Vitorino, Sayonara Reis e Maria das Graças; os tenores Manoel Peçanha, Adair Jervaz, Gilberto Christo, Rogério Sousa; e o barítono Maycon Machado.

A Orquestra Brasileira de Cantores Cegos conta também com os atores da Cia Poéticas da Cena Contemporânea que, dividindo o palco com os cantores cegos, auxiliam em seus deslocamentos, imprimindo performatividade e dramaticidade nas cenas. Haverá, também, a participação especial do ator e cantor cego Antonio Fadini que traz testemunho de vida homenageando seu pai junto ao arranjo de Pai Mané.

Acessibilidade

As pessoas com deficiência podem enviar uma mensagem para o número de Whatsapp da organização [(27) 99609-8181] para reserva de ingressos e alinhamento sobre as condições de acolhimento durante a chegada ao local da apresentação e na acomodação para assistir ao espetáculo.

Recursos de acessibilidade estarão disponíveis e incluem a audiodescrição para pessoas cegas, a presença de intérpretes para fazer a tradução simultânea em Libras e também o espaço sensorial para pessoas no espectro autista.

É importante destacar que o Teatro Universitário da Ufes é um local acessível que possui elevador, rampas de acesso, banheiros adaptados e lugares reservados para a acomodação de pessoas com deficiência física.

Parceria com a Rede Pública de Ensino e Instituições Sociais

Haverá duas apresentações vespertinas (dias 3 e 4) voltadas exclusivamente para o público formado por instituições sociais e alunos de escolas da rede pública (estudantes da Educação de Jovens e Adultos, bem como dos ensinos Fundamental e Médio). As sessões noturnas (dias 2, 3 e 4) serão abertas ao público em geral, mas também haverá reserva de assentos para estudantes da rede pública, pessoas com deficiência e idosos.

Serviço

Orquestra Brasileira de Cantores Cegos: Temporada 2024

Data: Dias 02, 03 e 04 de outubro (quarta a sexta-feira)
Local: Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
Endereço: Avenida Fernando Ferrari, Goiabeiras – Vitória (ES)
Preço: Entrada gratuita
Contato: (27) 99609-8181 (Whatsapp SOCA Brasil)

Programação da Temporada 2024

02 de outubro, quarta-feira

  • 19h30 (ingressos distribuídos gratuitamente um hora antes, serão distribuídos 300 ingressos)

03 de outubro, quinta-feira

  • 14h30 (sessão exclusiva para instituições sociais e alunos da rede pública)
  • 19h30 (ingressos distribuídos gratuitamente um hora antes, serão distribuídos 300 ingresso)

04 de outubro, sexta-feira

  • 14h30 (sessão exclusiva para instituições sociais e alunos da rede pública)
  • 19h30 (ingressos distribuídos gratuitamente um hora antes, serão distribuídos 300 ingressos)

Redes Sociais:

Sites:

SOCA Brasil: https://www.socabrasil.org/

Orquestra Brasileira de Cantores Cegos: https://www.orquestrabrdecantorescegos.com/

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