“À Mãe Que Me Tornei”: Vozes da Maternidade Atípica ganham livro no Dia da Mulher

Livro "À Mãe Que Me Tornei" organizado por Leticia Lefevre, apoiado em uma pilha de exemplares idênticos sobre uma mesa de madeira, com um fundo verde suave.

Ícone de fotografiaLegenda descritiva: Livro "À mãe que me tornei" organizado por Leticia Lefevre, apoiado em uma pilha de exemplares idênticos sobre uma mesa de madeira, com um fundo verde suave. (Foto: Divulgação)

Em lançamento no Dia da Mulher, obra mergulha no universo da maternidade atípica no Brasil, expondo tanto os desafios e a luta por inclusão, quanto os aprendizados as alegrias.

Em um país onde a diversidade se manifesta em cada esquina, o universo da maternidade atípica ressoa com uma força singular. Para mães de filhos com deficiência, a jornada da maternidade transcende os desafios comuns, exigindo resiliência e um amor que se manifesta para além de qualquer diagnóstico. É nesse universo multifacetado que o livro “À Mãe Que Me Tornei” mergulha, oferecendo visibilidade e compreensão a essa realidade muitas vezes invisível. No próximo 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a obra será lançada na Unibes Cultural, iluminando as histórias de 29 mães que compartilham suas jornadas, dores e, acima de tudo, seus triunfos.

Sob a curadoria sensível e experiente de Leticia Lefevre, especialista em inclusão e direitos da pessoa com deficiência, “À Mãe Que Me Tornei” nasce de um trabalho minucioso de quatro anos, dedicado à escuta atenta, à escrita cuidadosa e à revisão apurada. Advogada, pedagoga, mestranda em direito e uma voz proeminente na defesa dos direitos das pessoas com deficiência no Brasil, Leticia Lefevre construiu uma teia de confiança com essas mães, abrindo um espaço seguro para que seus relatos fossem registrados e transformados em uma obra que se eleva para além da publicação convencional: um verdadeiro abraço acolhedor materializado em palavras.

“Foi uma experiência de vida que eu não sei nem como narrar a você, o quanto foi compensador trabalhar com mães tão fantásticas contando histórias maravilhosas. Separa a caixinha de lenço que esse livro está emocionante. Ele vai mudar tudo o que você pensava em relação à maternidade atípica”, declara Lefevre, convidando a sociedade a refletir sobre o apoio a essas famílias e a se unir na construção de um Brasil onde a diversidade seja não apenas tolerada, mas celebrada, e onde todas as mães, em suas distintas singularidades, encontrem acolhimento e respeito.

Maternidade Atípica no Brasil: Um Panorama de Desafios e Invisibilidade

No cenário brasileiro, a maternidade, em sua essência, já se apresenta como uma jornada repleta de desafios, desde a conciliação entre vida profissional e pessoal até a exaustiva sobrecarga de responsabilidades domésticas e o cuidado integral com os filhos. Para as mães atípicas, no entanto, essa equação se torna mais complexa. A escassez de políticas públicas efetivas, a precariedade dos serviços de saúde e educação especializados, o estigma social e a ausência de redes de apoio consistentes configuram apenas a ponta do iceberg dos obstáculos enfrentados por essas mulheres.

Essa realidade intrincada se agrava ao considerarmos a vulnerabilidade social que assola muitas famílias de pessoas com deficiência. Dados do IBGE, consolidados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) , revelam um panorama preocupante: são famílias com condições de vida significativamente mais precárias em comparação com a média da população brasileira, em indicadores como acesso a saneamento básico, educação superior, emprego formal e renda minimamente adequada. Essa vulnerabilidade, como um nó que se aperta, impacta milhares de mães atípicas, que, em muitos casos, acumulam a função de cuidadoras com a responsabilidade de prover o sustento familiar.

“À Mãe Que Me Tornei”: Para além das páginas, um refúgio em palavras

Em meio a esse contexto desafiador, “À Mãe Que Me Tornei” surge como um contraponto, oferecendo um espaço de escuta, reconhecimento e valorização para essas mulheres. As 29 cartas que compõem a obra são um mosaico de vivências autênticas, reunindo relatos reais, intensos e tocantes. “Cada carta é um testemunho de amor, superação e luta por inclusão, evidenciando tanto as dificuldades quanto as alegrias da maternidade”, ilustra a divulgação do livro.

Ao longo das páginas, a pessoa leitora é convidada a imergir em narrativas despidas de filtros ou idealizações. São histórias de medos, exaustão e dúvidas, mas que também celebram a alegria, as vitórias e a potência de um amor que transcende o ordinário. “E o mais rico de ter participado desse projeto, foi porque ele contempla a diversidade como um todo, de diferentes raças e classes sociais”, reitera Leticia, enfatizando a amplitude e a representatividade da obra, que se propõe a dar voz a um espectro plural de vivências maternas.

Em um convite à intimidade com a obra, Lefevre compartilha a razão da escolha pelo formato impresso:

“Nesses quatro anos, cada vez que eu leio o livro, uma carta diferente me chama mais a atenção. Porque dependendo do momento que você está, uma carta te emociona mais que a outra. Então, ‘À Mãe Que Me Tornei’ não é um livro que você vai deixar de canto. Por isso que ele ser digital pra nós não fazia sentido. Porque o livro físico, às vezes você tá no momento, você pega aquele livro e você lê um capítulo que faz total sentido na sua vida. E ele é muito emocionante.”

Lançamento no Dia da Mulher: Um Ato Político de Amor e Empoderamento

A escolha do Dia Internacional da Mulher para o lançamento de “À Mãe Que Me Tornei” não é aleatória. A data, que tradicionalmente celebra as conquistas femininas e reivindica igualdade de direitos, ganha um significado ainda mais profundo ao dar visibilidade à luta e à resiliência das mães atípicas. O evento de lançamento promete emocionar e engajar o público, com algumas mães compartilhando trechos de suas cartas, intercalados com apresentações musicais do artista Mundo Rafah.

Mundo Rafah, que desde 2018 é membro da comunidade Crianças Especiais, liderada por Leticia Lefevre, tem um trabalho pautado na inclusão, no respeito e no resgate da infância, reforçando a mensagem de que a inclusão é um direito de todas pessoas e um caminho para a construção de um futuro equitativo e humano.

A publicação de “À Mãe Que Me Tornei” é viabilizada pela UICLAP  – plataforma que democratiza a publicação, venda, produção e distribuição de livros físicos, conectando autores e o mercado sem exigir exclusividade ou tiragens mínimas.

Serviço

Lançamento do livro “À Mãe Que Me Tornei”

Data: 08 de março de 2025 (Dia Internacional da Mulher)
Horário: A partir das 14h
Local: Unibes Cultural
Endereço: Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré, São Paulo – SP
Participação especial: Mundo Rafah
Acessibilidade: Infraestrutura acessível | Intérprete de Libras
Preço do livro no local: R$ 70,00
Ingresso: Gratuito, mediante disponibilidade no site da Unibes Cultural

Picture of Rafael F. Carpi
Rafael F. Carpi

Jornalista, Consultor em Estratégias Inclusivas e Gestor de Mídias Digitais. Formado em Comunicação Social (FPM/2006), pós-graduado em Acessibilidade, Diversidade e Inclusão (Unise/2024). Foi repórter, assessor de imprensa, executivo de contas e fotógrafo. Editor na Jornalista Inclusivo e na PCD Dataverso, redator na equipe Dando Flor e na Pachamen Editoria.

LinkedIn

Deixe um comentário