Projeto “Andori”, vencedor do hackathon Devs de Impacto em João Pessoa, usa inteligência artificial para apoiar professores e personalizar o ensino para crianças no espectro autista.
João Pessoa, PB, 11 de novembro de 2025 – Em uma maratona de 36 horas de programação, um time formado exclusivamente por mulheres desenvolveu uma solução de Inteligência Artificial que pode transformar a educação inclusiva no Brasil. As estudantes de Ciência da Computação da UFPB, Beatriz Almeida Maceil Guimarães Pessôa, Emyle dos Santos Lucena e Maria Clara Dantas Torres, venceram a edição de João Pessoa (PB) do hackathon “Devs de Impacto” com a “Andori”, uma plataforma que apoia professores da rede pública no ensino de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Andori: Protagonismo feminino na IA inclusiva
A plataforma “Andori” utiliza IA para processar dados compartilhados por famílias e educadores sobre o comportamento, interesses e desafios de cada aluno com autismo. Com base nessas informações, o sistema gera recomendações personalizadas para que os professores possam adaptar o conteúdo e o formato das aulas, garantindo maior inclusão e participação. A ferramenta também oferece acompanhamento de desempenho e se aprimora continuamente por meio de IA generativa.
“Quando anunciaram a gente eu achei que a gente estava sonhando. Acreditávamos muito na ideia e foi incrível vencer o desafio sendo o único time inteiramente feminino.”
Beatriz Almeida Maceil Guimarães Pessôa, integrante da equipe vencedora
O Contexto: O Desafio do Autismo na Educação Brasileira
A solução criada pelas estudantes dialoga com uma necessidade urgente. Segundo dados do Censo 2022 do IBGE, o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo. Ao mesmo tempo, dados da PNAD Contínua mostram que a educação pública enfrenta enormes desafios de infraestrutura e formação de professores para lidar com a diversidade em sala de aula. Ferramentas como a “Andori” surgem como um apoio escalável e inteligente para capacitar educadores e personalizar o ensino.
O Alerta dos Especialistas: IA, Ética e a Urgência da Regulamentação
O evento também foi palco de debates importantes sobre o futuro da IA. Dani Matielo, co-líder do Laboratório de IA da Ashoka, alertou a comunidade de desenvolvedores sobre a necessidade de se engajar na discussão do PL 2338/23 , que regula a inteligência artificial no Brasil.
“No Brasil, a gente tem experiências de amplos debates em relação à legislação, mas isso não está rolando sobre essa [da IA]. Então a gente precisa ter mais gente se envolvendo, entendendo os pontos, como é que isso vai afetar a sua vida como desenvolvedora, como é que isso pode limitar ou ampliar dependendo do que é que vai ser aprovado. Os empreendedores sociais, os desenvolvedores, todo mundo precisa entender porque é muito importante essa discussão.”
Dani Matielo, co-líder do Laboratório de IA da Ashoka
João Pessoa no Mapa da Inovação Tecnológica
Com apoio da NewHack e da OpenAI, o Devs de Impacto reuniu 65 participantes em João Pessoa, destacando o papel da capital paraibana como um polo emergente de tecnologia no Nordeste. O desafio de criar soluções com potencial de adoção pela rede pública de ensino da Paraíba aproximou a comunidade local de um dos debates mais relevantes da atualidade: como a IA pode, de fato, melhorar a educação e promover a inclusão social.
Sobre o projeto
A inteligência artificial já oferece caminhos concretos para enfrentar desafios urgentes do cotidiano brasileiro. A iniciativa concentra esforços em áreas que exigem transformações práticas — como futuro e clima, educação e serviços públicos —, propondo soluções que unem tecnologia e propósito.
Durante os hackathons, os participantes são desafiados a criar protótipos capazes de gerar impacto real na vida das pessoas, fortalecendo uma comunidade de desenvolvedores comprometida com inovação, ética e responsabilidade socioambiental.
O projeto DEVS DE IMPACTO é uma realização do iMasters , em parceria com a APPLYBRASIL e com uma proposta clara: transformar o código em uma ferramenta de mudança, mostrando que criatividade e colaboração podem programar um presente e um futuro mais justo, sustentável e inteligente.
