PCDs na Construção Civil: Desafios e oportunidades de inclusão no setor

Imagem com texto: PCDs na Construção Civil. Abaixo há tijolos, trolha e capacete. Homem em cadeira rodas trabalhando em obra. Usa capacete de proteção, colete e luvas. Segura ferramenta e bloco de concreto, olhando fixo para frente.
Estudo revela que 88,9% das PCDs na construção civil encontram boas condições em acessibilidade no trabalho. (Foto: Bing Image Creator/Microsoft)

Segundo o estudo Panorama da Construção Civil 2023, a adaptação é um desafio para somente 11,1% desses profissionais

A construção civil é o terceiro setor que mais contrata pessoas com deficiência (PCDs). Segundo levantamento do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), são mais de 3.720 profissionais na área, com salário médio de R$ 2.003,22. Não à toa, somente 11,1% desses profissionais têm a adaptação como desafio — é o que diz o estudo Panorama da Construção Civil 2023, realizado pela Obramax .

• Índice
    Add a header to begin generating the table of contents
    Scroll to Top

    Boa leitura!

    Publicidade

    Acessibilidade na Construção Civil

    Com dados do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) e do Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP), a pesquisa analisou o Estudo de Viabilidade para Inserção Segura de Pessoas com Deficiência na Construção Civil  e constatou que 88,9% das equipes oferecem boas condições de trabalho, seja para mulheres ou homens pedreiros com deficiência.

    Segundo Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho e Responsabilidade Social do SindusCon-SP, isso se deve ao fato da construção civil ser diferente dos outros setores — o que já gerou opiniões sobre a participação desses trabalhadores. “Hoje a nossa visão é outra e digo que é possível sim inserir a Pessoa com Deficiência na indústria da construção”, conta.

    Inclusão de PCDs na construção civil

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que existem 17,3 milhões de pessoas com deficiência com idades acima de dois anos no Brasil, além de 8,5 milhões de pessoas idosas — equivalentes, respectivamente, a 8,4% e 24,8% das população nestas faixas etárias.

    Dos 6 milhões em idade produtiva, 48% possuem deficiência visual, enquanto ela é física em 27% deles. Já as auditivas e intelectuais estão presentes, respectivamente, em 16,7% e 8,3% desses profissionais.

    Aprovada em 1991, a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (Lei nº 8.213 ) exige que empresas com até 200 funcionários, reserve 2% das vagas para PCDs. Caso ela tenha entre 201 e 500 colaboradores, a taxa sobe para 3% — podendo chegar a 4% ou 5%, respectivamente, para negócios com até 1.000 trabalhadores ou mais.

    Por se tratar de uma atividade braçal, é necessário considerar o cargo que será executado pelo profissional com deficiência e as suas características. O Ranking de Viabilidade de Inserção Segundo Tipo de Deficiência e Função analisou 17 funções e 29 atividades como ajudante geral, carpinteiro, mestre de obras e pintor — definindo como fazer a inserção segura destes trabalhadores.

    Desta forma, o estudo só não indica a profissão para pessoas com quatro deficiências: intelectual severa e profunda, deficiência física nos membros superiores, deficiência física ostomizada e deficiência visual.

    Pessoas com nanismo e deficiências auditivas são as mais indicadas para a profissão segundo o ranking. Ambos só não são recomendados na operação de guinchos, escavadeiras, guindastes e gruas.

    Perfil de PCDs no setor

    A ocupação mais comum com profissionais com deficiência na construção civil é o cargo de mestre de obras — com 33,3% do total. Encarregados de almoxarifados e ajudantes gerais estão em seguida, com 16,7% cada. Outros cargos comuns são os de auxiliares administrativos, operadores de máquina extratora, pedreiros e eletricistas — cada uma correspondendo a 5,6% dos trabalhadores.

    Pedreiro em cadeira de rodas trabalhando em obra. Imagem mostra a inclusão de PCDs na construção civil.
    Descrição da imagem #PraGeralVer: Foto colorida, em área externa, mostra um homem em cadeira de rodas trabalhando em construção. Ele está levemente inclinado para frente e segura um bloco de concreto. O profissional usa capacete de proteção escuro, camiseta amarela, avental preto e luvas. (Foto: Bing Image Creator/Microsoft)

    A maioria desses profissionais, inclusive, possui idade abaixo dos 40 anos, representando 66,6% do total. Já os profissionais com faixas etárias entre 40 e 49 anos e acima dos 50 anos representam 16,7%, respectivamente.

    No que tange a escolaridade, metade das PCDs trabalhando como pedreiros possuem apenas o ensino fundamental completo, não concluído por 22,2% desses profissionais. Outros 22,2% terminaram o colégio e 5,6% possuem superior incompleto.

    Publicidade

    Desafios para PCDs no setor

    Outro ponto importante é a produtividade das pessoas com deficiência empregadas na construção civil. Segundo os gestores entrevistados, 33,3% desses profissionais possuem desempenho acima da média e 61,1% possuem entregas satisfatórias. Desta forma, somente 5,6% apontaram dificuldades neste quesito.

    “A PCD não quer esmola e inclusive costuma produzir mais, além de ser dedicada e pontual. Temos que ser construtores de cidadania e de evolução da alma”, explica Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sintracon-SP. 

    No que tange o relacionamento entre colegas, ele é ótimo para 31,8% dos profissionais e considerado bom para 59,1%. Segundo a pesquisa, somente 9,1% apontaram ter relações regulares.

    Segundo José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP, o maior desafio para tais profissionais é a capacitação:

    “As dificuldades são bem conhecidas e vão desde o problema de encontrar PCDs qualificados até a falta de condições de mobilidade urbana para que eles possam se deslocar até as obras”, conta o presidente do SindusCon-SP.

    Este obstáculo, inclusive, é encarado por todo o setor. Segundo a Câmara Brasileira da Construção Civil, 90% das empreiteiras não encontram profissionais qualificados. Por isso, dar oportunidades e oferecer cursos é uma oportunidade para a inclusão de pessoas com deficiência na área.

    Picture of Jornalista Inclusivo
    Jornalista Inclusivo

    Da Equipe de Redação

    Deixe um comentário